segunda-feira, 29 de setembro de 2008

OLHANDO A LISTA DE AMIGOS

RUBEM ALVES OLHANDO A ESCOLA

"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado".

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

SOFREMOS PELA MANEIRA COMO OLHAMOS P/ OS ACONTECIMENTOS


“APRENDA A OLHAR”

(PE. LÉO, SCJ)- DO LIVRO “GOTAS DE CURA INTERIOR”

Uma das maiores causas – se não a maior – de nosso sofrimento é a maneira como enxergamos a vida e tudo aquilo que nos acontece. Na verdade, não são os acontecimentos que nos fazem sofrer. Sofremos pela maneira como olhamos para os acontecimentos. Todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto.

Quando privilegiamos um ponto negativo, passamos a enxergar tudo com as lentes da negatividade.

O pior não está nem tanto no olhar negativo, mas na concentração estragada, encardida do olhar.

Precisamos aprender a olhar a vida pela ótica de Deus. Para isso, necessitamos de alguns exercícios contínuos de aprendizado do olhar:

- Olhar a vida como dom e presente a ser cultivado; como graça que precisa ser acolhida com responsabilidade e gratidão.

- Olhar a morte com a serenidade de quem sabe porque vive. Aliás, só tem dificuldade de olhar a morte quem não aprendeu a saborear a vida. Jesus ensinou, em Bethânia: “Se creres, verás a glória de Deus” (João 11,40).

- Olhar para si mesmo com paciência e generosidade. Às vezes é mais fácil ser generoso com os outros do que com a gente mesmo. Tem muita coisa que gostaríamos de mudar em nós que só depende de nós, mas que ainda não conseguimos. Paciência e perseverança.

- Olhar para os outros sem as armas que costumamos trazer escondidas no coração, pelo preconceito, pela inveja, pelo medo, pelo ciúme. Olhar para os outros como convite para a nossa própria melhora.

- Olhar para as coisas dando-lhes o devido lugar. Nada nem ninguém que esteja fora do coração humano é capaz de preenchê-lo.

As coisas são instrumentais que nos ajudam, mas não podem ser absolutizadas.

- Olhar com caridade para aqueles que nos machucam – caridade suficiente para compreendermos que, como nós, são pessoas limitadas, fracas, falhas, sujeitas aos dissabores da vida.

- Olhar com gratidão para as pessoas que nos amam, procurando corresponder a elas. Saber-se amado é gota fundamental de cura, em qualquer tempo, para qualquer idade.

- Olhar com humor: o humor é fundamental para o equilíbrio humano. Ele nos dá a graça de tomarmos distancia de nós mesmos e dos acontecimentos. Ele nos permite colocar todas as coisas em perspectiva e tirar o tom dramático dos acontecimentos.

O humor ajuda a ver a vida com olhos novos, com novos pontos de vista.

O humor realça as incertezas de nossa vida, mostrando-nos que ela não é previsível.

Viver é acolher cada dia, como novo – completa e absolutamente novo.

O humor nos ajuda a perceber que as coisas são relativas.

Quem é muito sério acaba se achando muito importante e por isso não gosta do humor, que poe em risco a máscara, a couraça, a casca que reveste o balão do orgulho prepotente.

O humor ajuda a desinchar o balão, pois quebra a casca.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

OLHOS NOTURNOS







Olhos noturnos de um poeta
Rubra luz a lua, em sangue,
Na negra alma do poeta
que verte versos e águas
Luzindo os olhos meus.

Em noites lúgubre
São encavernados tesouros
que versolidificam
os cansados olho meus.

Verte a lua espinhos
E aflora a noite
Num misto verso de trevas e luzes
nos confusos olhos meus.

Publicado no Recanto das Letras em 17/01/2008

terça-feira, 2 de setembro de 2008

OLHAR DE PROFESSOR




Alunos do Curso Linux Educacional 2.0
“Professor: trate de prestar atenção ao seu olhar. Ele é mais importante que os seus planos de aula. O olhar tem o poder para despertar e para intimidar a inteligência. O olhar é um poder bruxo!
O seu olhar, professor, produz alterações no corpo da criança. O olhar de um professor tem o poder de fazer a inteligência de uma criança florescer ou murchar. Ela continua lá mas recusa-se a sair para a aventura de aprender. A criança de olhar amedrontado e vazio, de olhar distraído e perdido, não aprende. Os psicólogos apressam-se em diagnosticar alguma perturbação cognitiva. Chamam os pais. Aconselham-nos a enviá-la para terapia. Pode até ser. Mas uma outra hipótese tem que ser levantada: que a inteligência da criança que parece incapaz de aprender tenha sido enfeitiçada pelo olhar do professor.
Por isso lhe digo, professor: cuide dos seus olhos…”

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

MÃE - Olhar de luz


Quando vi as primeiras luzes do mundo,
havia uma luz mais poderosa bem perto de mim.
Era a luz mágica de um olhar único,
capaz de acalmar a alma, aquecer o corpo e iluminar o ambiente.
Mais tarde, eu haveria de descobrir
que ele também iluminava caminhos e consciências.

Quando chorei pela primeira vez,
dois braços carinhosos me envolveram
e então eu ouvi uma suave canção de acalanto,
capaz de transformar qualquer pranto em encanto.
Mal sabia que minhas lágrimas de adulto
jamais encontrariam semelhante conforto.

Quando senti minha primeira fome,
senti também um toque de inigualável ternura nos lábios
e logo pude saciar-me
com o mais puro e doce de todos os leites.
Mal sabia que nunca mais provaria tão sublime iguaria.

Quando arrisquei minha primeira fala,
ouvidos atenciosos me garantiram audiência
e um grito de alegria saudou aquelas palavras
aparentemente incompreensíveis que eu tentava formular.
Nem mesmo com todo o vocabulário
que adquiri ao longo da vida,
consigo hoje tamanha comunicação.

Quando encontrei espaço para os primeiros passos,
mãos vigilantes me deram apoio
e me conduziram para o meu destino de menino.

Na primeira hesitação, um delicado empurrão.
Na primeira queda, o amparo.
Na primeira vitória, o aplauso.
Como foram importantes aquelas mãos
e como foi difícil aprender a andar pela vida
sem tê-las por perto!

Nos meus primeiros erros e acertos da saudosa experiência
chamada adolescência,
conheci tanto a correção quanto a aprovação,
aprendi a diferença entre o sim e o não,
recebi incentivo e sermão, castigo e perdão.
Hoje acredito que quem assim cresce
jamais esquece tão sublime lição.

Ao ingressar no país encantado da juventude,
procurei outros laços e outros abraços,
como recomenda o manual de instrução da espécie humana.

Nesta caminhada de novas emoções,
tive êxitos e fracassos,
alegrias e tristezas,
amores e dissabores.
Muitas vezes tive ímpetos de avançar
e, em outras tantas,
vontade de voltar.
Mas eu sabia que a única saída
era viver minha própria vida.
Aos trancos e barrancos, cheguei aos cabelos brancos.

E recebi da vida, talvez sem merecer,
a maior de todas as bênçãos
- o olhar iluminado de minha mãe,
que ainda hoje me guia pelos labirintos da existência,
me ampara nos momentos de dúvidas
e me serve de espelho para o sempre.